Na opinião unânime dos diabetologistas que o conheceram e com ele trabalharam, citando aqui somente alguns que contribuíram para estas palavras – Monica Gamba, Marco Vivolo, Aída Bortheiry, Domingos Malerbi – Laercio foi um gigante da epidemiologia do diabetes no Brasil. Sua obra proeminente, só para exemplificar sua pujança científica, foi o Estudo Multicêntrico Brasileiro de Epidemiologia do Diabetes, trabalho pivotal e pioneiro dos anos 80 que estabeleceu os números do diabetes no Brasil, ainda hoje largamente citado e utilizado em políticas públicas. Sua produção não se limitou a isto: foi também pioneiro nos estudos do diabetes em indígenas brasileiros e em descendentes da imigração japonesa para cá, tendo desvendado mecanismos do binômio genético-ambiental do diabetes.
Não só de ciência viveu Laercio: outra opinião unânime diz respeito à sua pessoa. Palavras como integridade, amizade, afeto, sinceridade, respeito, competência, visão, generosidade, liderança, serenidade, humildade, discrição, brotam como fontes de humanidade na memória de todos os que com ele conviveram.
Laercio deixa, para a comunidade brasileira do diabetes e para sua esposa, filhos e netos, um legado inestimável de produção de conhecimento em diabetes no Brasil, de formação de inúmeros profissionais, e de uma pessoa que esparramou o bem, verdadeiramente abençoada por Deus, e que viverá na memória de todos nós. Laercio faleceu em abril último, aos 79 anos de idade.

Escrito por Domingos Malerbi, com a colaboração de Monica Gamba, Marco Vivolo e Aída Bortheiry